É a vez do Estagiário: Super Bowl, Super Corvos!

Ray Lewis encerra sua gloriosa carreira e os Ravens fizeram o que parecia impossível há meses atrás.

– Olá amigos do Overtime, depois de um período sabático de posts por aqui, voltamos da melhor forma possível para falar mais do que só do SUPERBOWL, se bem que a final da NFL é uma das coisas mais espetaculares do universo por si só. Há algo que torna essa conquista dos RAVENS ainda mais especial, além da aposentadoria de um dos melhores jogadores da história em grande estilo, A SUPERação! E sim, falaremos dos Supercorvos, que assim como os SUPERPATOS, aquele famoso filme que retrata a trajetória do Anaheim Ducks na NHL rumo a Stanley Cup, começaram desacreditados e contra todas as projeções, problemas, limitações e dificuldades. Mas a grande diferença é que o time de Baltimore sempre teve ao seu lado uma legião de fãs fiéis que foram premiados com uma das conquistas  mais improváveis e fantásticas da história. Então vamos voltar no tempo…

… Depois de ter um dos melhores começos da liga, com 4 vitórias e uma derrota apenas, uma dessas vitórias contra New England, algoz da temporada passada,  o que dava a impressão de que o time, com um ataque mais explosivo em relação aos últimos anos, chegaria como um AFC contender. Mas em 14 /10/2012, na emocionante vitória contra os Cowboys, começa o grande dilema e a grande odisseia dos Ravens. Lardarius Webb (um dos melhores cornerbacks da liga e grande aposta para renovação da já “velha” defesa do time) ficaria fora do restante da temporada, e nada mais nada menos que RAY LEWIS (Dispensa qualquer apresentação) também se machucara gravemente no que poderia ter sido seu último jogo de sua carreira.  E depois da derrota humilhante para os Texans por 43-13, parecia que os desfalques na defesa, entre eles o de Terrell SUGGS (DPOY na temporada 2011-2012), que voltaria antes do fim da temporada, deixariam o time de John Harbaugh fora de qualquer possibilidade de chegar sequer a uma final de conferência,  e mesmo com vitórias contra Cleveland e Oakland, muitos duvidavam até mesmo que esse time iria para os playoffs.

Mas além da superação de uma equipe obstinada a vencer, outros fatores foram importantes para que o sonho ganhasse vida, quer fossem os tropeços de seus rivais de AFC, a inconstância do talentoso porém imaturo Bengals, a troca do seu OFFENSIVE COACH e, sobretudo, a queda vertiginosa de seu maior rival e grande carrasco dos últimos anos, o Pittsburgh STEELERS, que sem Big BEN ROETHLISBERGER e com muitos problemas no ataque já não podiam fazer frente aos seus rivais, ainda que tivessem ganho um jogo improvável em 02/12/2012, iniciando uma série de 3 derrotas consecutivas,  que voltaram a preocupar até mesmo os mais otimistas sobre o potencial desse time.

A vitória contra os atuais campeões na penúltima rodada não só selou uma árdua classificação para os playoffs, mas também recuperou o brio do time de Joe Flacco, que terminaria a temporada regular como um dos melhores jogadores do ano, com grandes performances ofensivas, lançamentos em profundidade, mais segurança e confiança que nos últimos anos, e um time que era marcado por sua barreira defensiva, começava a reescrever sua própria história e sua própria identidade e nomes como Ray Rice, Torrey Smith, Dennis Pitta e Jacoby Jones eram os mais falados quando se lembrava do time de Maryland.  Ray Rice, que protagonizou o lance que mais define o que foi a temporada dos Ravens: Uma 4° para 29 em um jogo fundamental contra os Chargers fora de casa, que seria decisivo para o futuro do time na temporada, com o time de San Diego precisando apenas parar essa jogada e vencer o jogo. Mas Joe Flacco em uma joga de Screen perfeita, encontra Ray Rice na lateral, que avança, escapa dos milhares de tackles e avança até o limite para um 1° descida que possibilitou a vitória de sua equipe.

E chegávamos aos playoffs, e muito se falava de Packers, Niners, até mesmo Falcons na NFC, dos novatos-sensação Griffin, Luck e Wilson, de uma provável final de AFC entre Brady x Manning, que era o principal assunto até então. Quanto ao Ravens, falava-se da volta de Ray Lewis e de sua despedida dos gramados, que para muitos, não passaria do jogo em Denver, caso o time passasse pelos Colts. E vamos agora a alguns HARD FACTS da pós temporada do time da terra de Edgar A. Poe.

  • Mesmo sendo mais time que os Colts, os Ravens chegaram para esse jogo com um certo clima de desconfiança sobretudo por parte da imprensa, que estava eufórica pelo primeiro jogo de Andrew Luck na pós temporada, e logo em uma das rivalidades mais acirradas da liga. Mas o que se viu em campo foi uma pequena mostra para o mundo que esse time estava mais vivo que nunca, defesa agressiva, ataque preciso, recepções incríveis, um grande jogo do rookie Bernard Pierce e uma vitória até certo ponto tranquila, que só teve emoção pelo fato de ser o último jogo de Ray diante de seus súditos. Porém começava uma indesejada contagem regressiva para aposentadoria de Lewis, que a medida em que era adiada, deixava a façanha ainda maior.
  • Chegou o grande dia, o adversário era nada mais nada menos que o Broncos do Peyton Manning,  que havia feito uma brilhante temporada regular e era tido por muitos, e até mesmo por este que vos escreve como um SB Contender, e de fato o era até então, mas os SUPERCORVOS estavam dispostos a quebrar todos os mitos possíveis e imagináveis, e no frio intenso da Bolívia Americana a batalha das trincheiras era muito equilibrada, ataques imparáveis, Holliday e seus 2 Retornos de TD, Flacco e suas big plays, atuação incrível da OL visitante, entre outros ingrediente que tornavam o jogo épico, e faltando pouco tempo para o fim, Denver ganhava o jogo e confirmava seu favoritismo, até que faltando 31 segundos para o fim, com todos os ingredientes que formam uma grande história, Joe Flacco encontra um passe magnífico de 70YD para Jacoby Jones empatar o jogo diante de um perplexo Mile-High, para posteriormente ganhar o jogo em 2 OT, marcando um dos jogos mais épicos dos últimos anos, e uma vitória de igual grau de importância, o que dava uma força sobrenatural na caminhada rumo ao Olimpo do Futebol Americano.
  • E depois de fazer o que poucos imaginavam possível, ainda assim os Ravens chegavam a final da AFC com o rótulo de zebras, e quis o destino que fosse contra o New England Patriots, no mesmo cenário da fatídica derrota na final da AFC da temporada passada. Mais uma vez iniciava-se a contagem para a aposentadoria do lendário #52, dessa vez endossada por um cartaz em Foxboro, e muitos com certeza pensaram…. Esse time já foi longe demais. Não para quem está predestinado a vencer, não para uma equipe que estava marcada para quebrar paradigmas, mudar a história, não para quem nasceu para vencer,  e mesmo com um começo ruim de jogo, Joe (Average, ou seria Joe Marvelous? ) Flacco deu uma demonstração ao mundo que aquela virada em Denver não foi obra do acaso, e que diferentemente dos outros anos, Baltimore tinha um líder no ataque, alguém que levasse seu time adiante, um grande QB, um maestro, e assim o #5 foi minando a defesa e a confiança do time de Tom Brady, John Harbaugh armou armadilhas que nem mesmo Bill Belichick seria capaz de conter, e Mais um gigante caia para o bravo e imenso Ravens, que não se vingara apenas da última temporada, mas de todos que não acreditavam, ria de seu próprio destino, e ao contrário do que se apontava meses atrás, chegava a seu 2° SUPERBOWL em menos de 20 anos de história, dessa vez não mais como um Underdog, mas como uma legião de heróis que estavam escrevendo seu nome na história a cada jogo, emocionando quem ama o esporte, quem ama grandes histórias.
  • E contrariando a lógica, THE BALTIMORE RAVENS chega a New Orleans, para agora sim, o último jogo da carreira de Ray Lewis, que além de ser um dos maiores jogadores defensivos de todos os tempos, era também a representação de toda uma franquia, de todo um povo, de todos os fás de NFL E do outro lado, um também grandioso SAN FRANCISCO 49ERS, e mais uma vez quis o destino, que do outro lado estivesse o irmão de John, o fabuloso e também competentíssimo Jim Harbaugh, e história é o que não faltava aos Niners, que haviam vencido todos os 5 SB que disputou.Mas quando a bola voou no gramado do Mercedes-Benz Superdome todos já desconfiavam que mais um tabu seria quebrado, estraçalhado, posterizado pelos gladiadores de Baltimore, que depois de uma longa jornada, não iria fraquejar nem mesmo diante do maior de seus desafios, nem  mesmo no maior evento da terra.E os 3TD’s de Joe Flacco(recorde em um só tempo da história do SB), mostraram que não era dia de Kaepernick(Grande nome ofensivo dos Playoffs, depois de Flacco,claro), Aldon and Justin Smith, Willis, Crabtree, Moss, Davis e cia. Era a hora do até então contestado Quarterback, mostrar do que ele era feito, com jogadas simplesmente espetaculares, uma impressionante tranquilidade e confiança no pocket, precisão incrível nos passes, acertando bolas que eu não lembro de ninguém ter conseguido sofrendo tanta pressão, Boldin, Smith,Pitta, Jones, Pierce, Rice, Leach, além de Oher, Osemele, Birk e etc.. tiveram  uma das melhores atuações de unidades ofensivas da história dos Superbowls. A defesa também foi espetacular, mas falarei mais adiante. O primeiro tempo terminou 21 a 6, Beyoncé brilhou no estádio dos Saints durante o show do Intervalo, mas o SB mais elementar dos últimos realmente tinha roteiro de cinema, e o TD na volta do intervalo de 108 YD para retorno de Jacoby Jones, o mais longo da história do SB e o apagão de 34 minutos no estádio deram indícios que o jogo seria fácil, mas como tudo nessa aventura homérica dos Ravens, o último jogo ainda reservaria grandes emoções. O apagão parece ter tido efeitos em nossos guerreiros, que viram o time de San Francisco se agigantar a cada jogada, Kaepernick, Crabtree e Gore infernizarem a defesa até então irretocável, e no fim do 3° quarto a grande vantagem caiu por terra e o placar apontava 28×23, mas o momento era todo dos Niners, que estavam dispostos a vencer seu 6° SB e igualarem o número de títulos dos Steelers.

Depois disso, Justin Tucker, outro grande personagem dessa conquista, acerta mais um de tantos FG’s importantes durante a temporada, e o debutante Kaepernick apesar dos erros naturais a um jovem QB, fez grande partida e com uma corrida sensacional, causava danos a milhões de corações, e provocava as mais diversas sensações aos torcedores de Baltimore que pareciam estar diante de uma iminente tragédia. Mas nessa grande epopeia de tantas reviravoltas, o time de vermelho teve a grande chance da virada nas mãos do #7 e de seu ataque em acensão, quando Frank Gore quase levou a bola para a ENDZONE e semelhante a brilhante atuação da defesa do próprio Niners na conquista de seu primeiro SB(Mais uma ironia do destino), a defesa de Baltimore, comandada por nomes que certamente não sairão da memória de seu torcedor, como Paul Kruger, Ed Reed, Haloti Ngata, Bernard Pollard, e principalmente, Ray LEWIS, que encerrou sua carreira com uma atuação soberba, Simplesmente pararam seus adversários a 2 jardas da glória, em 4 jogadas defensivas perfeitas, e depois disso foi só controlar o relógio e os ânimos para a grande e merecida festa, e um merecido prêmio de MVP do jogo para Joe Flacco, e que foi também o MVP dos Playoffs, e terá seu contrato renovado com toda a justiça de quem comandou uma das reações mais lindas de um time em uma mesma temporada.

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  • E ao fim do jogo, terminava também uma Era, de um defensor que era sobretudo a alma dos Ravens, certamente um dos maiores ídolos da história do time de Baltimore, da cidade, do povo, de quem ama Futebol Americano, um futuro Hall-Of-Fame, uma perda irreparável para o esporte em si, mas que encerra uma lendária carrreira da forma que merece, como um RAY.

– E de um time antes desacreditado por todos, para o Hall dos Campeões, para a posteridade, para o Olimpo dos Vencedores, para o título mundial, homens, guerreiros, baluartes, que serão lembrados como mitos, lendas, que mudaram o jogo, sim, mudaram o panorama, quebraram preconceitos, paradigmas, de um treinador que foi uma aposta quando chegou e tomou decisões dignas de um sujeito honrado, de um treinador de ponta, e de cada um dos jogadores dessa equipe, que foram contra todas as expectativas e traçaram uma das linhas mais bonitas já vistas em qualquer esporte, com certeza, você que acompanhou seja em partes, ou desde o princípio, vai poder contar pra seus filhos, netos e mais quem você quiser, pois testemunharam a história sendo feita, e aqui encerra minha ode aos campeões, e a todos que se comoveram e se encantaram com a trajetória dos Ravens, mas também aos seus torcedores, que agora merecem comemorar por anos essa conquista, e uma temporada fantástica só poderia terminar assim, com todos os amantes de NFL contando os dias para o começo de mais uma temporada, com uma certeza, NÃO HÁ COMO NÃO SER ROMÁNTICO SOBRE FOOTBALL! PARABÉNS E MUITO OBRIGADO BALTIMORE RAVENS, POR TEREM NOS PROPORCIONADO MOMENTOS DIGNOS DE UM FILME, ONDE TODOS NÓS FIZEMOS PARTE!542813_10151289447421229_1724159948_n